Além de limitar as possibilidades de consumo de conteúdo dos brasileiros, essa manobra também coloca algemas bem pesadas nas mãos dos clientes. De uma maneira bem direta: limitar a internet brasileira significa o mesmo que colocar o Brasil na contramão do mundo, principalmente no que diz respeito às ferramentas de consumo digital. E por que isso aconteceria? Há cada vez menos consumo de conteúdo ao vivo.
Você deve ter percebido que tem crescido muito o volume de disponibilidade dos materiais ao vivo na internet mundial. Vídeos de games sendo jogados por alguns influenciadores; live streaming diretamente no YouTube ou no Facebook também podem ser considerados emergentes. E você imagina os motivos pelos quais esse crescimento seja tão veloz?
A resposta pode ser bem direta: os consumidores conseguem escolher com muita facilidade ao que querem assistir e há muita disponibilidade de canais sendo especializados em cada segmento possível nesse mercado. Por outro lado, as emissoras de televisão em sua maioria continuam com os mesmos modelos de exibição de muitos anos atrás.
Isso significa que os consumidores mudaram ao longo das décadas. Há cada vez mais opções de ferramentas disponíveis para o acesso aos conteúdos, que também evoluíram bastante no mesmo período. Por outro lado, a exibição de conteúdo ao vivo na televisão não andou com os passos tão largos. E esse não é o único problema da "televisão comum".
Durante uma apresentação na IFA Global Press Conference 2016, Juergen Boyny (Diretor Global de Eletrônicos do instituto de análise de mercado GFK) falou sobre as tendências mundiais no consumo de conteúdo digital. De acordo com o especialista, hoje somente 35% dos conteúdos de vídeo são assistidos ao vivo em televisores comuns – no tradicional método em que assistimos ao vídeo no exato momento em que ele é transmitido.
Junto a isso, há ainda 15% do conteúdo sendo acessado por meio de gravadores digitais e 21% dos materiais sendo vistos no sistema "On Demand" – em sistemas similares ao Net Now, por exemplo. Mas o grande trunfo desse mercado está no segundo colocado desse ranking: os serviços de transmissão de vídeo por streaming, que já somam 29% de todo o consumo mundial, de acordo com a GFK.
Vale dizer que a mesma GFK revelou um estudo similar menos de um ano atrás, mostrando que a TV ao vivo era responsável por 39% do mercado. Ou seja: em menos de 12 meses, foi possível ver uma retração mundial de 4% na exibição desse tipo de materiais.
Na contramão
Você viu que há cada vez menos consumo de conteúdo em redes ao vivo. Você viu também que está aumentando muito o mercado de streaming. Como você deve imaginar – e também já deve ter percebido –, isso significa que vamos ver muitos investimentos na produção de novos conteúdos globalmente. Basta observar a Netflix para ter noção de como esse mercado é promissor.
Porém, a possibilidade de que tenhamos a conexão com a internet limitada a pacotes mensais nos coloca no lado oposto desse mercado. Como aproveitar o melhor do conteúdo digital sem aporte das conexões estáveis e ilimitadas? É praticamente impossível. Já é muito difícil hoje e certamente ficará mais difícil no futuro, principalmente pela ampliação da disponibilidade de boas opções no mercado. Sem falar no fato de que as resoluções de vídeo devem continuar sendo aprimoradas, e isso demanda ainda mais banda nas conexões.
Pelos próximos meses, esse debate deve ser bem mais frequente. Nesta semana, a Anatel suspendeu as limitações de todas as operadoras por três meses e durante este período vamos ver argumentos bons e ruins para os dois lados da moeda. Ao mesmo tempo, as operadoras afirmam que não querem limitar Netflix, apesar de serviços de streaming e games serem os mais atingidos. Você já tem uma opinião formada sobre o assunto?
Fonte: Tecmundo
0 comentários:
Postar um comentário