Mais de dez mil crianças migrantes não acompanhadas desapareceram na Europa nos últimos 18 e 24 meses, informa a agência policial Europol, acrescentado que muitas delas devem estar sendo exploradas, principalmente de forma sexual, pelo crime organizado.
Esses números, revelados pelo jornal britânico The Observer, foram confirmados neste domingo (31) pela AFP com a assessoria de imprensa da Europol.
Segundo Brian Donald, da Europol, citado pelo The Observer, esse número diz respeito a crianças cujos rastros foram perdidos depois de serem registradas junto às autoridades europeias. Cerca de metade entre elas desapareceu na Itália.
"Não é fora de razão estimar que estamos falando de um total de mais de 10.000 crianças", explica Donald. "Mas nem todas estariam sendo exploradas para fins criminosos, há algumas que se juntaram a seus familiares. É só que não sabemos onde estão, o que fazem e com quem".
Um porta-voz da Europol informou à AFP que o número foi obtido nomeadamente com base nas informações fornecidas pelos países europeus ou disponíveis publicamente como, por exemplo, na internet.
Cerca de um milhão de migrantes chegaram à Europa em 2015 como parte da pior crise migratória que atinge a Europa desde a Segunda Guerra Mundial, estima Europol, citada pelo Observer.
Cerca de 27% deles são crianças. "Nem todos os menores de idade estão desacompanhadas, mas temos provas de que uma grande parte deles poderia estar sozinhos", afirma Donald.
Ele garante que uma "infra-estrutura criminosa" pan-europeia visa os migrantes para diversos fins. Na Alemanha e na Hungria, em particular, um grande número de criminosos foram detidos por explorarem os migrantes.
"Um infraestrutura inteira tem se desenvolvido ao longo dos últimos 18 meses, a fim de explorar o fluxo de migrantes", afirma este agente da Europol.
"Há na Alemanha e na Hungria prisões nas quais a grande maioria dos residentes foram colocados em razão de atividades criminosas relacionadas com a crise migratória".
Grupos criminosos que se dedicam ao tráfico de seres Humanos são agora ativos também nas redes de imigração ilegal para explorar os migrantes, ressalta Donald, que lembra a escravidão ou as atividades ligadas ao comércio do sexo.
Organizações que trabalham na "Rota dos Balcãs" indicaram à Europol que veem a exploração de crianças migrantes como um "grande problema", segundo a mesma fonte.
O governo britânico havia anunciado na quinta-feira que iria acolher as crianças refugiadas que foram separadas de suas famílias pelo conflito na Síria e em outros países.
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