Colégios
particulares de São Paulo trocaram a forma de punir os estudantes que
infringirem alguma regra escolar. Em vez das punições tradicionais,
advertências e suspensões, os alunos são dispensados das aulas por um período
para que cumpram atividades socioeducativas, como organizar os livros da
biblioteca, ajudar os colegas mais novos e até montar um projeto de pesquisa.
Foi o que aconteceu no
mês passado com Leonardo Ribeiro, de 13 anos, aluno do 8º ano do Colégio
Horizontes Uirapuru, em Pinheiros, na zona oeste da capital paulista. Ele e
outros quatro amigos estavam escondendo os materiais escolares de um colega de
sala quando foram flagrados, e a coordenação deu aos pais a opção de suspensão
ou trabalho socioeducativo. Eles acabaram organizando a biblioteca da escola.
"Achei
ótimo que tivemos a opção de escolher uma atividade que o responsabilizou pelo
que havia feito. Ele aprendeu que tudo o que faz tem uma consequência, até
mesmo o que para ele era apenas uma brincadeira", contou Flávia Cristina
Ribeiro, de 40 anos, mãe de Leonardo.
Segundo
Andrea Favero, coordenadora do colégio, ao trocar a punição tradicional por uma
alternativa, o objetivo é justamente que os alunos se responsabilizem pelo que
fizeram. O mesmo ocorre no Colégio Santa Maria, no Jardim Marajoara, zona sul
de São Paulo. "O estudante não pode ficar isento da responsabilidade sobre
o que ele provocou. A ideia não é punir o jovem, mas mostrar para ele que há
consequências e ele precisa lidar com elas", disse a coordenadora do Santa
Maria, Ana Lúcia Parro.
No colégio, um aluno que quebrou a porta do banheiro foi dispensado das aulas
para acompanhar e auxiliar a equipe de manutenção da escola durante o conserto.
"Os estudantes não têm grandes problemas de indisciplina, mas às vezes
eles querem quebrar as regras e não pensam que isso pode prejudicar outras
pessoas. É esse lado que queremos mostrar a eles", explicou Ana Lúcia.
No Colégio Horizontes
Uirapuru, a introdução das punições alternativas não foi a única mudança.
Quando há episódios de indisciplina, não é mais o colégio que telefona para os
pais para informá-los sobre o ocorrido. Agora, o estudante tem de fazer um
relatório explicando o que houve e, depois, apresentá-lo aos pais.
"O
próprio aluno faz uma carta em que conta o que houve, como ele se sentiu, o que
o motivou a tomar aquela atitude. Isso faz com que ele reflita sobre seu
comportamento. É o estudante também que fica responsável por contar para os
pais. É um exercício de maturidade", afirmou a coordenadora.
Para
Andrea, as punições tradicionais não alcançam o efeito de responsabilizar o
aluno, apenas o castigam. "Qual o impacto na vida de um aluno que levou
uma advertência? Nenhum, ele não sofre nenhuma consequência. E a suspensão? É
quase um prêmio para o aluno não ir à aula e ficar em casa."
De acordo com a
coordenadora do Colégio Horizonte Uirapuru, a maioria dos pais do colégio opta
atualmente pela punição socioeducativa quando questionados após um episódio de
indisciplina. "Nós lidamos com adolescentes, e eles erram não por serem
maus, mas porque não conhecem os limites."
Fonte: uoleducação.com.br
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